Assim como o Estado do Tocantins, o Sindicato dos Médicos amanheceu em silêncio neste sábado, 27 de dezembro. Aos 85 anos, Moisés Nogueira Avelino encerrou sua jornada em casa, após internação em hospital particular de Palmas.
Reconhecido pelo Estado como o segundo governador de sua história e uma figura lendária na política regional, Dr Moisés era, primeiramente, para muitos que cruzavam seu caminho antes dos palanques e das urnas, o médico que ouvia e curava.
Nascido em 20 de maio de 1940, em Santa Filomena, no Piauí, Moisés Avelino trazia consigo a tenacidade típica dos sertanejos. Sua formação profissional não indicava, a princípio, o destino de gestor público: atuou como perito criminalístico em Goiânia entre 1969 e 1973, este o ano de sua graduação em Medicina, Universidade Federal de Goiás (UFG), antes de se estabelecer como médico e dono de hospital.
No contato diário com as dores e as necessidades de seus pacientes, o "Doutor Moisés" percebeu que a medicina curava indivíduos, mas a política poderia curar comunidades inteiras.
Em 1983, assumiu a prefeitura de Paraíso do Norte (hoje Paraíso do Tocantins), ainda no antigo estado de Goiás. Sua gestão foi marcada por um choque de infraestrutura: pavimentou 350 mil metros quadrados de ruas, levou energia elétrica a povoados rurais e construiu escolas, transformando a cidade e ganhando a alcunha que o acompanharia por toda a vida.
Quando da criação do Tocantins, Dr. Moisés era uma liderança consolidada e se elegeu governador com gestão entre 15 de março de 1991 e 1º de janeiro de 1995. Durante seu mandato, Avelino priorizou a interiorização do desenvolvimento com a entrega de obras que conectam pessoas, a exemplo de Rodovias estaduais, aeroporto de Paraíso e a construção de escolas.
Sua atuação política foi pautada pela fidelidade partidária ao PMDB (hoje MDB), partido em que serviu ao Tocantins como deputado federal em dois períodos (1989-1991 e 2007-2011) e sua volta à Prefeitura de Paraíso do Tocantins em 2013, com reeleição em 2016.
Os últimos anos de sua vida foram marcados pelo tratamento silencioso e resiliente de um câncer nos ossos, o que o levou a encarar tratamentos longos e afastamentos médicos com a mesma dignidade com que enfrentava as crises políticas.
Neste momento de sua passagem, o SIMED-TO deseja o conforto divino para sua esposa, Virgínia, filhos e também para o Tocantins que, em muitos cantos, tem a sua assinatura no asfalto, nas paredes das escolas e na memória de quem viu um médico piauiense ajudar a desenhar o mapa do Brasil central.




